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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

VITAMINA D, beta-AMILÓIDE e ALZHEIMER (via NGF)

Em matéria postada 27/10/2010 já havíamos comentado sobre os novos papéis biológicos descobertos para a vitamina D. As principais descobertas são no campo da regeneração nervosa:
  • Vitamina "D" estimula a proteína calcium binding protein (CaBP), da família "S-100B",
  • Proteínas "S-100B" estimulam liberação de NGF no cérebro,
  • NGF é, provavelmente, o principal agente da regeneração nervosa,
  • Regeneração nervosa que se dá na árvore neuronal, axônios e glia,
  • Para finalizar, está demonstrado que aumento repentino de proteínas S-100B é indicador de LESÕES CEREBRAIS, inclusive provenientes de trauma.
  • Os links para essas pesquisas são 1, 2, 3, 4 e 5 (todos os links no final).
Porém, fui surpreendido com a publicação de Darsun, Gezen & Yilmazer no Journal of Alzheimer Disease (link 6), que estabelece uma perspectiva totalmente inovadora para o tratamento do mal de Alzheimer, considerando a gravidade da expansão b-amilóide, uma degeneração progressiva que substitui proteína sadia por proteína glicada e sem função. A pesquisa foi realizada com células em cultura.
Os efeitos do peptídeo b-amilóide incluem danos à membrana de neurônios, quebra da homeostase do cálcio e alterações nos fatores neurotróficos. Surpresa também para os autores da pesquisa, que concluíram haver efeitos muito danosos ao cérebro pela toxicidade do peptídeo b-amilóide, que promove neurodegeneração desregulando os canais de cálcio 1C e os níveis do NGF. E o pior, ainda bloqueiam os receptores (VDR) de Vitamina D!

Os autores relatam que a administração de vitamina D às culturas protegeu os neurônios neutralizando a citotoxicidade e apoptose, diminuindo o descontrole nos canais de cálcio e elevando a resposta dos receptores VDR. Cumulativamente, a vitamina D estabilizou a expressão do NGF (super expressão responsiva ao b-amilóide gera apoptose).

Como se não bastasse, outra equipe (link 7), simultaneamente, concluiu que o déficit de vitamina D intensifica o déficit cognitivo e aprendizado em modelos animais de Alzheimer.
Outros artigos corroboram a importância dessa vitamina (hormônio?) no mal de Alzheimer - vão aqui mais links interessantes sobre a matéria (8, 9 e 10 --> Oxford!).

Outra pesquisa super importante foi publicada também este ano (janeiro, link 11) onde os cientistas verificaram que o peptídeo b-amilóide tem uma atração inicial (fatal?!) pelos neurônios gabaérgicos sensíveis a calretinina, uma calcium binding protein da família S-100B. Esses neurônios estão localizados no hipocampo e são fundamentais na sincronicidade cognitiva. Portanto, vale relembrar que sendo uma proteína da família S-100B a calretinina também é dependente dos teores de vitamina D no cérebro, como falávamos no início, e o déficit da vitamina mostra, assim, estar mais interligado do que nunca à evolução do mal de Alzheimer.

Mas, antes que a empolgação nos tome de assalto e possamos achar que a cura para o mal de Alzheimer esteja definida, é preciso analisar que déficits localizados e específicos de nutrientes dificilmente podem ser resolvidos por administração oral. Normalmente, quando ocorrem essas situações, os defeitos são nos sistemas de absorção, transporte e admissão nos tecidos alvo. Diversas proteínas estão envolvidas (só na família S-100B são dezenas!) e a síntese delas controladas por genes que possuem fatores intermediários de estimulação. 

Assim, o que podemos concluir é que a vitamina D é, sem dúvida, fundamental no cérebro, na regeneração de tecido nervoso especializado e na liberação de fatores neurotróficos, como o NGF. Níveis mais elevados de suplementação já estão sendo praticados - da ordem de 2000ui/dia - mas estudos que definam a vitamina como agente terapêutico  precisam ser ampliados.

Abraços aos amigos e ex-alunos.

links:
  1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2587429/pdf/nihms-58955.pdf
  2. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17073646 
  3. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16716992 
  4. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15284555 
  5. http://www.reference-global.com/doi/abs/10.1515/CCLM.2001.050?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%3dpubmed
  6. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20966550
  7. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20964554 
  8. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20601349
  9. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19940273
  10. http://biomedgerontology.oxfordjournals.org/content/64A/8/888.abstract
  11. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20413859

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